Casal Brasileiro Viaja e Trabalha com um Cachorro em Veleiro


Não é com um carro 4×4, nem de mochila e muito menos de bicicleta, aliás a viagem da Sarah, do Renato e do bull terrier – o Feijão – não é nem terrestre. O casal resolveu explorar o mundo com seu cachorro em um Lagoon Catamaran batizado de Ipanema, isso tudo sem ter nenhuma experiência anterior com grandes barcos. O Ipanema tem 44 pés (cerca de 14 metros de comprimento), quatro suítes e foram instalados painéis solares, dessalinizador de água, baterias e gerador. A ideia do casal é receber hóspedes para ajudar nos custos da viagem. Conversamos com a Sarah para aprender um pouquinho mais sobre a experiência deles.


Sarah, de onde surgiu a ideia de velejar pelo mundo?

A gente já questionava muito esta vida louca: trabalha, trabalha, junta um pouco de dinheiro e consegue tirar férias duas vezes no ano. Nós dois nascemos em São Paulo e morávamos no Rio, o que já deixava a gente bem feliz porque nós dois amamos praia e mar. Mas tínhamos um ritmo muito louco no trabalho era normal trabalhar até tarde da noite, e começamos a questionar isso. O Renato sempre teve o sonho de viver no veleiro, eu até curtia a ideia mas achava isso muito distante porque nunca tivemos nenhuma experiência em velejar. Daí aos poucos fomos pesquisando melhor e descobrimos um mundo paralelo de várias pessoas que fazem isso de alugar quartos no barco para sobreviver e ganhar um dinheiro. Em 2014 encontramos com um casal de suecos no Panamá que vive assim, foi um casal que a gente se identificou muito e ficamos 10 dias trocando experiências. Fizemos um trilhão de perguntas e vimos que é viável viver assim. Saímos deste encontro com os suecos com a certeza que era isso mesmo que faríamos. A gente já juntava um dinheiro antes mas ainda não sabia muito bem para o que era e foi daí que resolvemos investir neste projeto.


Como foram os preparativos?

Em setembro 2014 conhecemos estes suecos, em novembro compramos o barco e em abril 2015 nós mudamos para o Ipanema. Foi tudo muito rápido, porque se você começa a se questionar muito e ainda perguntar para os outros dai você não sai nunca. Fomos fazendo tudo por etapa, primeiro decidimos que era isso mesmo que queríamos, depois compramos o barco, fizemos o curso para tirar a carteira de arrais e fomos velejar pelo Mediterrâneo. Quando sentimos mais firmeza decidimos atravessar o Atlântico, agora a nossa ideia é ficar aqui no Caribe por um ano. Depois disso nossos próximo plano é fazer o Pacífico e por aí vai.

Quais são os maiores desafios?

Acho que o maior desafio é tomar coragem pra fazer isso, é preciso muita coragem pra partir. A viagem também tem seus desafios, principalmente porque era tudo muito novo para a gente, já que não tínhamos experiência. Era um turbilhão de informação no começo, os primeiros sete meses foram complicados.


Como é rotina de vocês no barco?

Como a gente sempre está indo para lugares novos que a gente não conhece, a rotina é sempre procurar onde estão os itens básicos como: supermercado, comprar botijão de gás, água, enfim localizar na cidade as coisas que precisamos. Além disso, sempre tem alguma coisa para consertar no barco – isso sempre vai ter e todo barco é assim – tem uma lista interminável de coisas para arrumar, daí precisamos procurar peças para repor e consertar.

Agora estamos tendo mais trabalho com a questão de imigração, tem que ter um veterinário por causa do Feijão – viajar com cachorro é mais complicado porque ele precisa ter as vacinas exigidas pelos países e documentação para provar que ele não tem nenhuma doença.

E ainda tem o adicional que a gente vive de receber hóspedes, então tem o trabalho de atualizar o blog, organizar a agenda de receber os convidados, chegada e saída deles, deixar o barco sempre limpinho e com comida suficiente para cozinhar para todos.

Nossa rotina tem sempre um aprendizado, por mais que o trabalho seja pesado a gente tem que conseguir tentar encaixar algumas coisas bacanas; explorar os lugares, fazer mergulho, fazer stand-up, fazer kitesurf porque foi por isso que a gente abriu mão da nossa vida na cidade.


O que você teria feito de diferente?

Eu teria trazido menos roupa, menos sapato, menos bugiganga, sabe? Trouxe tanta porcaria e não precisava disso. Também talvez gostaria de ter tido uma experiência mais prática para velejar, mas também não sei se isso teria feito muita diferença. O Renato foi passar quase dois meses com o casal de suecos para aprender mais sobre o barco, eu queria poder ajudar mais neste sentido.


O que você diria para quem quer seguir os mesmos passos?

FAZ! FAZ! FAZ! Tem que fazer! Tem que se jogar, mas é fundamental se planejar! Não dá para ser tão na louca, mas tem que fazer. Eu lembro que fiquei muito emocionada no dia que a gente estava se despedindo da família e o pai do Renato disse, “vai e se alguma coisa der errado eu vou lá buscar vocês!” Isso trouxe um conforto muito bom!


O que é felicidade para você? 

Eu fico muito feliz de ter esta liberdade de tempo, fazer o que a gente quer da maneira que a gente quer. Também me sinto muito feliz de passar mais tempo com o Renato e o nosso cachorro. Hoje são coisas simples que me fazem feliz, chegar nos lugares descobrir cada particularidade, culturas novas, pessoas novas. As pessoas podem dar risada de mim… mas hoje eu adoro ir no supermercado, descobrir coisas novas, diferentes formas de cozinhar. Tudo isso me deixa muito feliz!



Você pode acompanhar a viagem da Sarah, do Renato e do Feijão pelo site Sail Ipanema.com ou curtir a página no facebook.




Fonte: http://www.outsidersbrazil.com.br/entrevista-sarah-sail-ipanema/
Outsiders Brazil

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